Maybe most of you don’t know this, but this year I started college. Going back to studying at 30 has been an incredible experience, and I begin this text by mentioning it because my course is directly connected to art: Literature.
In Literature, we mainly study literature itself, and just yesterday we were talking about how the course creates space to express what we feel when we read a text, listen to music, or reflect on the various niches of art.
Usually, in a casual conversation among friends or coworkers, it feels awkward to talk about how a book makes you feel. If it’s a poem—or even music, which I consider a form of poetry—the result can be either humorous or uncomfortable. People often don’t know how to handle it because they’re ready to mock anything that involves feelings.
I’ve never quite understood why the world is this way—why superficiality is more valued than critical thinking and emotions. But things are as they are, and it’s up to us to adapt and find groups where our thoughts are appreciated. Sometimes, that’s no easy task. However, it’s always interesting to discuss why something might spark deep reflections in us but not in others.
Last month, I participated in a group seminar where we had to talk about the technical aspects and subjective reading of a poem. I was thrilled because the poem deeply moved me. On the other hand, a colleague in my group felt absolutely nothing. And that’s exactly what art does all the time!
Sometimes, what stirs a frenzy in me might not evoke anything in you, and vice versa. And that’s okay because humans are different. Our culture shapes our tastes and worldview. Art is marvelous because it highlights how different we are, awakening distinct experiences in each individual.
The question is: does art always need to have meaning? The quickest answer is no. But if you ask me to elaborate, I’d say that even if it holds the simplest meaning, the experience was worth it. Some watch The Lord of the Rings and love the epic story and scenery, enjoying imagining themselves in that world for a few hours. Others watch it and reflect on the human journey, corruption, friendship, and what’s worth fighting for. In both cases, the movie provoked something in someone, and in both cases, it’s valid.
There are countless ways to perceive something, and in this, life and art are profoundly connected. It’s not up to us to judge how someone else feels about an artistic expression. I know what you’re thinking: nice in theory, but not so much in practice. Sometimes, we love something so much and relate to it so deeply that we wish others could see it the same way. When they don’t, it can be frustrating. But honestly, I believe we need to let go of that urge to control.
I will always support expressing what we feel and think about a work of art. But I find it unnecessary to force meaning onto someone who doesn’t feel the same way or has a different worldview. It’s essential to respect how others feel because no one is inferior just because they don’t feel anything when looking at a Van Gogh painting. Some see life more simply, and I believe that, in the end, those people might just be the happiest.
Portuguese
Talvez a maioria de vocês não saibam, mas esse ano comecei a fazer uma faculdade. Tem sido uma experiência incrível voltar a estudar aos 30 anos, e começo esse texto falando sobre isso, pois meu curso está diretamente ligado a arte: Letras.
No curso de letras aprendemos principalmente sobre literatura, e ontem mesmo falávamos sobre como o curso abre espaço para expressar o que sentimos quando lemos um texto, ouvimos uma música ou pensamos sobre os vários nichos da arte.
Geralmente, numa roda de conversa entre amigos, ou colegas de empresa, fica estranho você falar sobre como um livro faz você se sentir. Se for um poema então, aqui incluo música também, pois é uma forma de poesia, o resultado pode ser engraçado ou desconfortável. As pessoas não sabem lidar, pois estão prontas pra zoar qualquer coisa que tenha a ver com sentimentos.
Particularmente nunca entendi porque o mundo é assim, porque o superficial é mais valorizado do que o pensamento crítico e os sentimentos. Mas, as coisas são como são e cabe a nós nos adaptarmos e escolhermos grupos onde nossos pensamentos são valorizados. Às vezes não é uma tarefa fácil. Mas é sempre interessante discutir o porquê que algo pode despertar grandes reflexões em nós, mas não em outras pessoas.
No mês passado apresentei um seminário em grupo, onde tínhamos que falar sobre aspectos técnicos e leitura subjetiva de um poema. Eu fiquei muito empolgada, porque o poema mexeu muito comigo. Por outro lado, um colega que fazia o trabalho comigo não sentiu absolutamente nada. E a arte faz isso o tempo inteiro!
Às vezes o que me provoca um frenesi, pode não provocar nada em você e vice versa. E está tudo bem porque os seres humanos são diferentes. Nossa cultura molda nossos gostos e visão de mundo. E a arte é maravilhosa porque ela enfatiza o quanto somos diferentes, pois desperta experiências distintas em cada pessoa.
A pergunta é: a arte sempre precisa ter significado? A resposta mais rápida é não. Mas se você me pedir para aprofundar mais minha resposta, direi que mesmo que tenha o significado mais bobo, isso significa que valeu a pena a experiência. Há quem veja senhor dos anéis e ame a história e cenários épicos, que acha divertido se imaginar naquele mundo por algumas horas, e há quem veja senhor dos anéis e reflita sobre a jornada humana, sobre a corrupção, a amizade, e aquilo pelo qual vale a pena lutar. Nos dois casos, o filme provocou algo dentro de alguém, e nos dois casos isso é válido.
Existem diversas formas de ver algo, nisso a vida e a arte estão profundamente ligados. E não cabe a nós julgarmos como a outra pessoa se sente sobre uma manifestação artística. Eu sei o que você pensou: bonito na teoria, mas na prática nem tanto. Às vezes gostamos tanto de algo, nos identificamos tanto, que gostaríamos que as outras pessoas vissem da mesma forma, quando elas não veem, isso pode causar frustração. Mas, de verdade, acredito que temos que nos libertar dessa tentativa de controle.
Sempre vou apoiar a expressão do que sentimos e pensamos sobre uma obra artística. Mas, acho desnecessário querer empurrar goela abaixo um significado para alguém que não se sente como nós, que tem uma visão de mundo diferente. É preciso respeitar como os outros se sentem, pois ninguém é inferior a ninguém só porque não sente nada quando ver uma pintura de Van Gogh. Há quem veja a vida de forma mais simples, e penso que essas pessoas, no fim das contas, são as mais felizes.