One of the saddest realities we face in this world is that, at this moment, thousands of children are suffering physical and mental abuse from their parents or guardians. It is distressing to think about, but the world is as it is, and we generally filter a lot of information so we can eat our meals without feeling nauseous, so we can maintain our mental health.
As a mother, this is a topic that touches me deeply. Since I was pregnant, I decided to raise my daughter in a non-violent way, based on unconditional love, understanding, and firmness. Parents know this is not an easy task, especially when you carry within you a series of traumas caused by your own parents.
My personal experience is not good, even though my parents, at their core, are not bad people. They failed in many aspects of my upbringing. Many times, I was unprotected during my childhood, and they didn’t notice. In other cases, I was raised in a context of fights, yelling, physical violence, and was told that this was education, that this was how you teach a child. And I would say that this taught me, most of the time, to be a sad child and preteen.
But back then, if I had the chance, would I have sued my parents? I’d say yes. Once, I even called the police because my father had hit me and was ready to smash my laptop on the floor. At the time, I was 15 years old. Later, I called the police again, saying I had changed my mind and they didn’t need to come. After all, I loved my father.
The mindset I had at the time would certainly have made me sue my parents, but looking back now, I realize how lost they were and that they didn’t mean any harm. My parents had a tough childhood, both were very poor, had to work early, and this shaped their personalities. And even though I was beaten a lot, suffered psychological violence, and lacked support (I know, it’s a lot), I now see that they didn’t know how to be parents and did the best they could with the knowledge they had. Despite everything, whenever I really needed them, my parents supported me.
Nowadays, I am witnessing an example of this. As I mentioned in other posts, I separated in November. It was very painful (and still is), and my parents have been taking care of me better than they ever did in my entire life. I am grateful for that, and I think many people from my generation went through similar experiences of having had a tough childhood but, looking back, conclude that their parents didn’t know what they were doing, yet still did their best for our well-being.
Undoubtedly, there are real reasons for children to sue their parents. Imagine children who are beaten every day, forced to work, or suffer sexual abuse. How could one say that in cases like these, children shouldn’t be able to sue their parents? However, in other situations where there isn’t an extreme cause physically or psychologically harming the child, I believe it shouldn’t be possible. Because there are different weights and measures, and each case should be carefully assessed through thorough investigation. After all, as we know, children can lie.
Portuguese
Uma das realidades mais tristes que temos neste mundo, é que nesse momento, milhares de crianças estão sofrendo violência física e mental de seus pais ou responsáveis. É angustiante pensar nisso, mas o mundo é como é, e no geral filtramos muitas informações para que consigamos fazer nossas refeições sem sentir um embrulho estômago, para que consigamos fazer a manutenção da nossa saúde mental.
Como mãe, esse é um assunto que me toca profundamente. Porque desde quando eu estava grávida, decidi cuidar da minha filha de uma forma não violenta, baseada em amor incondicional, compreensão e firmeza. Quem tem filhos sabe que isso não é uma tarefa fácil, principalmente quando se carrega dentro de si uma série de traumas que nossos próprios pais causaram em nós.
Minha experiência pessoal, não é boa, embora meus pais em essência não sejam pessoas ruins. Eles falharam em muitos aspectos em relação a minha educação. Por muitas vezes estive desprotegida em minha infância, e eles não percebiam. E em outros casos, fui criada dentro de um contexto de brigas, gritos, violência física, e o que ouvia era que isso era educação, e que era assim que se ensinava um filho. E eu diria que isso me ensinou a ser, na maior parte do tempo, uma criança e pré adolescente triste.
Mas eu, naquela época, se tivesse a chance, processaria meus pais? Eu diria que sim. Uma vez, inclusive, cheguei a ligar pra polícia porque meu pai tinha me batido e estava pronto para jogar meu notebook no chão. Na época eu tinha 15 anos. Depois liguei pra polícia novamente, dizendo que tinha me arrependido e que eles não precisavam mais vir. Porque afinal, de contas, eu amava meu pai.
A mentalidade que eu tinha na época, com certeza me faria processar meus pais, mas hoje em dia olhando pra trás, eu percebo o quanto eles estavam perdidos e que eles não faziam por mal. Meus pais tiveram uma infância difícil, ambos foram muito pobres, tiveram que trabalhar cedo, isso moldou a personalidade deles. E mesmo eu tendo apanhado bastante, e ter sofrido violência psicológica e falta de apoio ( eu sei, coisa pra caramba), hoje em dia eu vejo que eles não sabiam como ser pais, e fizeram o que podiam com o conhecimento que tinham. Apesar de tudo, sempre que eu precisei muito meus pais me deram suporte.
Hoje em dia estou tendo um exemplo disso; como mencionei em outros posts, me separei em novembro, foi muito doloroso (ainda está sendo), e meus pais têm cuidado de mim melhor do que cuidaram em toda minha vida. Eu sou grata por isso e penso que muitos como eu, da minha geração, também passaram por experiência parecidas de terem tido uma infância complicada mas olham pra trás e chegam a conclusão que os pais não sabiam o que tavam fazendo direito, mas mesmo assim fizeram o que podiam para o nosso bem.
Sem dúvidas há motivos reais para as crianças processarem os pais. Imaginem crianças que apanham todos os dias? Ou são obrigadas a trabalhar? Crianças que sofrem abusos sexuais? Como dizer que em casos como esses as crianças não deveriam poder processar os pais? Porém, em outras situações, em que não houvesse uma causa extrema fazendo mal física ou psicológica a criança, penso que não deveria ser possível. Porque há pesos e medidas, e cada caso deveria ser avaliado com cuidado e com uma investigação minuciosa. Até porque, como sabemos, crianças podem mentir.