The pain of losing someone we love [EN/PT]

in #hive-1538508 months ago
Se preferir ler esse conteúdo em Português, clique aqui.

the pain of.png


[EN]

Writing about what I am going to write here, especially today (a 16th), is very difficult for me... I want to warn in advance that this is a long, heartfelt text, full of pain and sadness.

There is no doubt that the most difficult moment I have ever faced in my life was the death of my maternal grandmother.

As I have mentioned here a few times before, including in my introductory post, I was raised by her from a very young age. I lived with her until I was 21, when she left me physically forever.

I won't say that I was dependent on her because, since I was 17, I was already working, earning relatively well at the time, and financially, I helped a lot at home, at the time when it was just the two of us living together. The issue is the love itself. It was always completely genuine. And everything, absolutely everything, I did in my life, my grandmother knew. She knew when I got my first bad grade in school, when I skipped the first class to hang out in the square with friends, when I got drunk for the first time, when I fell in love for the first time.

It was she who suggested that I stretch my ears and helped me in the process at home, with cotton swabs. That was when I was only 14 years old. It was she who chose my first tattoos (and chose very well, as they are illustrations from the booklet of my favorite band's album). It was she who helped me bleach my hair at 15 and dye it purple for the first time.

She was always there, for everything.

When, on a doctor's recommendation for her, we moved to another city, I decided to change fields and start a new college (journalism in this case), and who was there supporting me again? My grandmother, of course.

We moved to Cabo Frio, in Rio de Janeiro, in July 2009. Just over a year later, in the last quarter of 2010, my grandmother had a heart attack. In fact, she had three heart attacks, on alternate days. On all those days, we went to the hospital, and the doctors who attended to her said it was pneumonia. It was only on the fourth heart attack that she suffered, already in November, that the doctor who attended to her, very attentive, managed to diagnose accurately. From then on, my grandmother needed to be hospitalized for a few days, and shortly after, my family decided it would be best for her to return to my hometown (where I eventually returned years later) and undergo treatment here.

Since it was the end of the semester at college and also the final exams for the English course I was taking at the time, my grandmother asked that, "whatever happens," I didn't give up on taking the exams and finishing that period of studies, and also that I obtained my proficiency diploma in the course. I promised her.

So, in December, she underwent surgery due to the heart attacks. The veins were blocked, and she needed to undergo a catheterization. I went to the hospital on the day of the surgery, and we took our last photo together.

https://img.inleo.io/DQma7kM4TNdRpWU5RMay32zR56Ky2EadBbLJ3VycFTXJwUM/--%20(37).jpg

After that, she went into the operating room, and many hours later, we received the news that everything had gone very well. I couldn't have been happier at that moment. A few days in the Intensive Care Unit (ICU), and she was transferred to a regular room on December 15th.

One companion was allowed, and I asked to stay that day because, the next day, I would return to Cabo Frio to take my final exam in the English course, as I had promised her. That day, I realized something was wrong. My grandmother didn't talk and only moaned in pain all the time. It was a horrible night. I spent the whole night running through the hospital corridors, begging for help for my grandmother because she wasn't well. Even though it was a private hospital, it was complicated to get the attention she needed at that moment, and I only managed to get it almost at the beginning of the morning.

When the doctor finally saw my grandmother, they immediately told me to leave the room, and she was sent back to the ICU. My return to my hometown was 2 hours after that, and my mind simply didn't function anymore. But I had promised her that I would return, and we never broke our promises. I returned. I got on the bus with a broken heart. As soon as I got home, I received the news that I least wanted, but deep down, somehow, I already knew. My grandmother had died. December 16, 2010. At only 67 years old.

From then on, I don't remember very well what happened to me. There are just a few flashes in my memory. I vaguely remember running down the avenue and screaming a lot until I reached my boyfriend's workplace at the time. I remember some people helping me because I was totally out of control. Then I remember being at the bus station in Rio de Janeiro trying to buy a ticket to return to Minas Gerais as soon as possible. And I remember, very vaguely, the wake. I just cried copiously. I don't remember the burial. I don't remember how I got back home.

I don't even remember how I packed up the things from the apartment where we lived because I needed to move out; I couldn't go back there anymore.

After that, I fell into deep depression, dropped out of college, couldn't work anymore, quit my job. I tried to kill myself.

For many years, I blamed myself for her death because I was the one at the hospital on the last night she lived. I always thought I could have done more, that I had failed. It took long years until therapy and medication could minimally yield some results. Today, I know it wasn't my fault. It was "just" several medical neglects. But still, the pain and longing will always remain here with me, and my life will never be as it was before, when I had my grandmother with me.


All the content, pics and editions are of my authorship.
Written in PT-BR, translated to EN-US using ChatGPT.
Cover: created by Canva.


[PT]

Escrever sobre o que eu vou escrever aqui, especialmente no dia de hoje (um dia 16), é muito difícil pra mim... Já deixo avisado de ante-mão que esse é um texto longo, de desabafo, cheio de dor e tristeza.

Não há dúvidas que o momento mais difícil que eu já encarei na minha vida, foi a morte da minha avó materna.

Como eu já disse aqui algumas vezes, inclusive no meu post de introdução, eu fui criada por ela desde muito pequena. Morei com ela até os meus 21 anos, quando ela me deixou fisicamente para sempre.

Eu não vou dizer que eu era dependente dela, até porque, desde os 17 anos eu já trabalhava, ganhava relativamente bem na época e, financeiramente, ajudava bastante em casa, na época em que morávamos apenas eu e ela. A questão é o amor mesmo. Sempre foi totalmente genuíno. E tudo, absolutamente tudo, que eu fazia na minha vida, minha avó sabia. Ela soube quando eu tirei minha primiera nota vermelha na escola, quando eu matei a primeira aula pra ficar na praça conversando com os amigos, quando eu tomei meu primeiro porre, quando eu me apaixonei pela primeira vez.

Foi ela quem sugeriu que eu alargasse minhas orelhas e me ajudou no processo em casa, com palitos de cotonete. Isso quando eu tinha apenas 14 anos. Foi ela quem escolheu minhas primeiras tatuagens (e escolheu bem demais, pois são ilustrações do encarte de um álbum da minha banda favorita). Foi ela quem me ajudou a descolorir meu cabelo, aos 15 anos, e pintar de roxo pela primeira vez.

Ela sempre esteve ali, para tudo.

Quando, por indicação médica para ela, nós nos mudamos de cidade, eu resolvi mudar de área e começar uma nova faculdade (no caso, jornalismo) e quem estava ali me apoiando de novo? Minha avó, claro.

Nós mudamos para Cabo Frio, no Rio de Janeiro, em julho de 2009. Pouco mais de um ano depois, no último trimestre de 2010, minha avó sofreu um infarto. Na verdade, foram três infartos, em dias alternados. Em todos esse dias, chegamos a ir ao hospital e os médicos que a atenderam disseram se tratar de uma pneumonia. Apenas no quarto infarto q ela sofreu, já em novembro, a médica que a atendeu, muito atenciosa, conseguiu diagnosticar com precisão. A partir daí, minha avó precisou ficar internada por alguns dias e, logo depois, minha família decidiu que seria melhor ela voltar para a minha cidade natal (pra onde eu acabei voltando também anos depois) e fazer o tratamento por aqui.

Como era fim de semestre na faculdade e também as provas finais do curso de inglês que eu fazia na época, minha avó pediu que, "aconteça o que acontecer" eu não abrisse mão de realizar as provas e terminar esse período dos estudos e, também pegasse meu diploma de proficiência no curso. Eu prometi.

Pois bem, em dezembro ela passou por uma cirurgia devido aos infartos. As veias estavam entupidas e ela precisou fazer um cateterismo. Eu fui para o hospital no dia da cirurgia e tiramos nossa última foto.

https://img.inleo.io/DQma7kM4TNdRpWU5RMay32zR56Ky2EadBbLJ3VycFTXJwUM/--%20(37).jpg

Depois disso ela entrou para a sala de cirurgia e, muitas horas depois, recebemos a notícia de que tudo havia corrido muito bem. Eu não podia ter ficado mais feliz naquele momento. Alguns dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e ela foi transferida para o quarto no dia 15 de dezembro.

Era permitido a presença de um acompanhante e eu pedi para ficar nesse dia, já que, no dia seguinte, eu voltaria para Cabo Frio pra fazer minha última prova no curso de inglês, como eu havia prometido para ela. Nesse dia, eu percebi que tinha algo estranho. Minha avó não conversava e apenas gemia o tempo todo de dor. Foi uma noite horrível. Eu passei toda a madrugada correndo pelos corredores do hospital, implorando por ajuda para a minha avó, pois ela não estava bem. Mesmo sendo um hospital particular, foi complicado ter o atendimento que ela necessitava naquele momento e só o consegui quase no início da manhã.

Quando a médica finalmente foi ver a minha avó, imediatamente já me mandaram sair do quarto e ela voltou para a UTI. Minha volta para a minha cidade era em 2h depois disso e minha cabeça simplesmente não funcionava mais. Mas eu havia prometido para ela que eu voltaria e nós nunca quebrávamos nossas promessas. Eu voltei. Embarquei no ônibus com o coração despedaçado. Logo que cheguei em casa, recebi a notícia que eu menos gostaria, mas que, no fundo, de alguma forma, eu já sabia. Minha avó havia morrido. Dia 16 de dezembro de 2010. Com apenas 67 anos.

A partir dali, eu não lembro muito bem o que aconteceu comigo. São só alguns flahses na minha memória. Lembro vagamente que saí correndo pela avenida e gritando muito, até chegar no trabalho do meu namorado na época. Lembro de algumas pessoas me ajudando, porque eu estava totalmente fora de controle. Depois lembro que estava na rodoviária do Rio de Janeiro tentando comprar uma passagem para voltar o mais rápido possível para Minas Gerais. E lembro, muito vagamente do velório. Eu só chorava copiosamente. Não lembro do enterro. Não lembro como voltei para casa.

Não lembro nem como tirei as coisas do apartamento onde morávamos, porque eu precisei me mudar, não conseguia entrar mais lá.

Depois disso, entrei em depressão profunda, tranquei a faculdade, não conseguia mais trabalhar, pedi demissão. Tentei me matar.

Me culpei por muitos anos pela morte dela, porque era eu quem estava no hospital na última noite em que ela viveu. Eu sempre achei que eu poderia ter feito algo a mais, que eu falhei. Foram longos anos até a terapia e os remédios conseguirem, minimamente, darem algum resultado. Hoje eu sei que não foi culpa minha. Foram, "apenas" várias negligências médicas. Mas ainda assim, a dor e a saudade sempre vão permanecer aqui comigo e minha vida jamais vai ser como era antes, quando eu tinha minha avó comigo.


Todo o conteúdo, imagens e edições são de minha autoria.
Capa: criada com Canva.

darling.png

Posted Using InLeo Alpha

Sort:  

Oh yeah, I've seen a lot of people being pained to maximum when they lost their grandma... compared to their mother. That's because of the bonding involved.

You really passed through a lot.
Sorry, it's well.
May her soul continue to rest in peace. Amen

It was a really tough time... thanks for your time here! <3

It's a sad story that I can relate with the lost of my father and because of that, I also almost failed a year of school.

Losing someone who's so important in our life is really tough, huh?! But we gotta stay strong and keep going for them. Thanks for your time!


Your post was manually curated by @michupa.
banner_hiver_br_01.png

Delegate your HP to the hive-br.voter account and earn Hive daily!

50 HP
100 HP
200 HP
500 HP
1000 HP

🔹 Follow our Curation Trail and don't miss voting! 🔹

Congratulations @xlety! You have completed the following achievement on the Hive blockchain And have been rewarded with New badge(s)

You distributed more than 1500 upvotes.
Your next target is to reach 1750 upvotes.

You can view your badges on your board and compare yourself to others in the Ranking
If you no longer want to receive notifications, reply to this comment with the word STOP

To support your work, I also upvoted your post!

Caramba, é algo realmente intenso o que aconteceu, imagino como foi difícil escrever esse texto, eu já senti isso com muitos assuntos da HL, que me fez lembrar de muitas coisas, sejam boas ou ruins e tipo a gente fica meio pensativo e tal.

Sobre a sua história, meus pêsames e sentimentos, perder alguém que amamos não é fácil, eu já perdi a minha avó materna também e foram dias difíceis demais para todos nós. Pelo o que você disse, a culpa não foi sua, ja passei algumas vezes a noite em hospital particular com a minha mãe ou pai internados e eles passando dor eu ia nas enfermeiras e elas nunca davam a devida atenção, é complicado isso mesmo.

É um momento inevitável para todos nós, mas é isso, faz parte do ciclo da vida! um grande abraço pra vc!

!LOLZ !DHEDGE !LUV

Doctors tell us there are over seven million people who are overweight.
Of course, those are only round figures.

Credit: reddit
@xlety, I sent you an $LOLZ on behalf of shiftrox

(2/10)
NEW: Join LOLZ's Daily Earn and Burn Contest and win $LOLZ

realmente foi bem difícil escrever esse texto, mas também foi bastante importante. colocar tudo pra fora, às vezes, é bom. eu já havia acordado bem baqueada pelo dia e, quando vi o tema da HL, achei que veio a calhar bem... chorei muito enquanto escrevia...

a saúde no Brasil é muito falha, tanto no particular, quando no público. é como se sempre estivessem fazendo um favor pra nós...

xlety, shiftrox sent you LUV. 🙂 (1/5) tools | trade | connect | daily

Made with LUV by crrdlx.

Obrigado por promover a comunidade Hive-BR em suas postagens.

Vamos seguir fortalecendo a Hive

Metade das recompensas dessa resposta serão destinadas ao autor do post.

Vote no @perfilbrasil para Testemunha Hive.