The short prose of the long, quick morning // A prosa curta da longa e ligeira manhã

in #hive-1611552 years ago

Wake up, the alarm clock screamed like an eel being thrown onto a hot plate today. You turn off your alarm clock, but you tell yourself in that pre-awakening mono-rationale: I'll be up in a minute, I just need to...
He falls asleep and dreams of a cannabis saleswoman from a "fast-sell" trailer who is addicted to watching "gore". She cries as she realizes that he had realized she was addicted to gore and feels guilty, he says he understands her because he once was too. She wakes up with the second alarm clock fifteen minutes later, now he rakes his dry eyelids as if saying: -Wake up!
He can't stretch (some days it's like this, that electric stretching tension in bed doesn't happen, so he gets up like a rusty old man fixed to ship's bolts). Some days he feels like he woke up feeling good, and some days he feels like he woke up feeling bad. He hates the feeling of "waking up bad", why, what would define this? What goes on during the night to cause the "bad waking up"? It is as if someone has been poking his brain with a stick for hours and not letting him rest? Just like when you are a kid and it's funny to lightly poke your pet cat or dog's ear hairs while they are sleeping only to see them get annoyed by the feeling of something touching their ear and make that "ear flapping" motion over and over until they finally change position and realize (or not) that it was someone else's fault that was spoiling their sleep.
Water in the kettle, good morning to mom, bread on the griddle with cheese and more cheese, melted and dripping clean on the griddle, coffee, always 4 glasses of water in the morning, kind of to clean the soul and hydrate the intestines, even because caffeine will take away a good part of this water even through its sequestering method. He sits down to eat, but spends the entire coffee break upset because the TV remote control broke, and he has to configure virtual controls (which at least exist, holy technology), and he spends the other half listening to nuclear threats while he chews quickly and without love that bread (which is good), researching the price of a remote control on the Internet, but to do this he has to get up ten times to check the registration code of the TV behind him, and all this makes him want to kick with great force all the technological devices that surround him and tell his mother: -I don't care, I don't want to, I won't, fuck I don't know, I can't, I just woke up. But of course, he wouldn't be rude like that to her, why would he? She's good to him and she's in a good mood (despite having taken a violent tumble on the smooth, cursed floor caused by the smooth, cursed rain that has been coming down in a cursed manner for the past few cursed days).
He gives up on the control survey, he gives up on the coffee, he gives up on the room, he goes to the workshop, he is so pissed off that he looks like he needed to smoke a weed early on, but that's not what family men do, is it? What is a family man? What is a family? He doesn't smoke not because he is a family man, but because he knows that it could: A) make him anxious and consequently waste more of his sacred time (God time) and he would have to cover the reality leak with a chewed bromazepam early in the morning, or B) make him distracted and scattered, which would eventually lead him to post on Hive instead of working on the serigraphs that were waiting for him. So he decides to leave the weed for later (even though he had dreamed about marijuana [and gore? why?]) and goes for the productive and regimented nasal solution of Methylphenidate Hydrochloride, which at least would guarantee him agility and a dissipation of all that fog that made his brain look ridiculous at dawn (sometimes). Nothing like an efficient Methylphenidate for his efficient efficiency. And then he produces and he does what he needs to do, and time passes, and the child asks for attention and he runs, because time runs. The child needs attention, needs him, and he thinks it is very, VERY important to give a sincere good morning, a hug, a kiss and a caress to his daughter when she wakes up, and remembers that during the night she asked him to hold her hand because she couldn't sleep, he holds her hand, caresses her and says that everything is fine. He teaches her to count her breaths to make her sleepy, and says that by the time she reaches ten she will be asleep, and when he realizes it she is soon with that heavy sleepy breathing and then he is quiet and sleeps the rest of the sleep, and in the blink of an eye it is dawn and the alarm clock is ringing like an eel being thrown onto a hot plate.

Thômas Helon Blum

Português

Acorda, o despertador gritou como uma enguia sendo jogada numa chapa quente hoje. Desliga o despertador, mas diz a si mesmo naquele mono-raciocínio pré-despertar: já já vou levantar, só preciso...
Adormece e sonha com uma vendedora de cannabis de um trailer "fast-sell" que é viciada em assistir "gore". Ela chora ao perceber que ele percebera que ela era viciada em gore e sente-se culpada, ele diz que a entende, por que já foi também. Acorda com o segundo despertador de quinze minutos depois, agora ele arregala as pálpebras secas como dizendo: -Acorda!
Não consegue se espreguiçar (tem dias que é assim, aquela tensão elétrica de alongamento na cama não acontece, daí ele levanta como um velho de ferrugem fixada em parafusos de navio). Tem dias que ele sente que acordou bem e outros que acordou mal. Odeia a sensação de "acordar mal", por que, o que definiria isso? O que rola durante a noite para causar o "acordar mal"? É como se alguém tivesse ficado cutucando o cérebro dele com um graveto por horas e não o deixassem descansar? Igual quando você é criança e é engraçado ficar colocando levemente o dedo nos pelinhos da orelha do gato ou do cachorro de estimação enquanto estes dormem só para ver eles se incomodarem com a sensação de algo encostando na orelha deles e fazer aquele movimento de "bater orelhas" inúmeras vezes até que enfim mudam de posição e percebem (ou não) que era culpa de alguém que estragava seu sono.
Água na chaleira, bom dia pra mãe, pão na chapa com queijos e mais queijos, derretem e escorrem limpa a chapa, café, sempre 4 copos de água pela manhã, meio que para limpar a alma e hidratar os intestinos, até por que a cafeína vai levar embora boa parte dessa água mesmo através de seu método sequestrante. Sente pra comer mas passa o café inteiro puto por que o controle da tv estragou, e precisa configurar controles virtuais (que ao menos existem, santa tecnologia) e passa a outra metade ouvindo sobre ameaças nucleares enquanto mastiga rápido e sem amor aquele pão (que está bom), pesquisando preço de controle remoto na internet, mas pra isso precisa levantar-se dez vezes para conferir o código de registro da TV que fica atrás dela, e tudo isso vai dando uma vontade de chutar com grandes forças todos os aparatos tecnológicos que o rodeiam e dizer pra sua mãe: -Não me importa, não quero, não vou, foda-se não sei, não consigo, acabei de acordar. Mas claro, ele não seria bruto assim com ela, por que seria? Ela é boa pra ele e ela anda de bom humor (apesar de ter caído um tombo violento no piso liso e maldito causado pela lisa e maldita chuva que vem caindo malditamente de forma maldita nos últimos malditos dias).
Desiste da pesquisa de controle, desiste do café, desiste da sala, vai para a oficina, ele está tão irritado que até parece que precisava fumar uma maconha logo cedo, mas não é isso que fazem os homens de família não é mesmo? O que é um homem de família? O que é uma família? Ele não fuma não por que é um homem de família, mas por que sabe que isso poderia: A) Deixá-lo ansioso e por consequência perder mais do seu sagrado tempo (Deus tempo) e teria que cobrir o vazamento de realidade com um bromazepam mastigado logo cedo, ou B) Deixá-lo distraído e disperso, o que acabaria o levando a postar no Hive ao invés de trabalhar nas serigrafias que o esperavam. Então decide deixar a erva para depois (mesmo que em sonho sonhara com maconha [e gore? por que?]) e vai para a produtiva e regrada solução nasal de Cloridrato de Metilfenidato, que ao menos iria lhe garantir agilidade e uma dissipação dessa neblina toda que deixava seu cérebro ridículo ao amanhecer (as vezes). Nada como um Metilfenidato eficiente para sua eficiência eficiente. E então ele produz e ele faz o que precisa fazer, e o tempo passa, e a criança pede atenção e ele corre, por que o tempo corre. A criança precisa da atenção, precisa dele e ele acha muito, MUITO importante dar um bom dia sincero, um abraço, um beijo e um carinho para a filha quando ela acorda, e lembra que durante a noite ela pediu pra ele segurar a mão dela por que ela não conseguia dormir, ele segura a mão, faz carinho e diz que está tudo bem. Ensina pra ela a contar as respirações para dar sono, e diz que até chegar ao dez já estará dormindo, e quando percebe ela logo está com aquela respiração pesada de sono e então ele fica tranquilo e dorme o resto do sono, e num piscar de olhos amanheceu e o despertador toca como uma enguia sendo jogada numa chapa quente.

Thômas Helon Blum

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