Eu sou um entusiasta da coquetelaria há muitos anos e embora hoje eu já não trabalhe com nada relacionado a esse tema, ainda considero como um dos meus principais hobbies.
Tudo começou alguns anos atrás quando resolvi fazer um curso de bartender para entender um pouco mais sobre esse universo e aprender a fazer alguns drinks de que tanto gostava.
O curso foi realmente muito bom e aprendi a fazer literalmente todos os drinks que estavam listados na IBA (International Bartender Association) na época e, mais importante, dominei as técnicas mais fundamentais da coquetelaria.
O "problema" era que a escola tinha um bar amplamente equipado com equipamentos e materiais dos mais variados tipos, o que nos permitia recriar ou até mesmo inventar praticamente qualquer coquetel que quiséssemos.
É claro que a minha realidade em casa era muito diferente e, depois que o curso acabou, fiquei sem direção porque eram tantas coisas que eu precisaria adquirir que eu não sabia nem por onde começar.
Resolvi usar a mesma abordagem que aplico em quase tudo na vida: um paço de cada vez.
Comecei comprando os itens básicos como coqueteleira, dosadores, facas, colher de bar, copo misturador e coisas desse tipo, afinal além de serem a base da coquetelaria, não são itens muito caros;
O problema real estava nas bebidas. Existe todo um universo de diferentes bebidas a ser explorado e elas sim, podem ser bem caras.
Diante dessa situação, resolvi bolar um plano para comprar uma nova garrafa no início de cada mês e, pelos 30 dias seguintes, explorar as possibilidades que ela traria para meu bar. Assim, caso eu gostasse desta bebida, eu compraria uma nova garrafa quando a primeira acabasse e, caso não gostasse, usaria até acabar e "partiria para outra".
Parecia um ótimo plano no papel. Eu não tinha mesmo a intenção de ter um exemplar de cada tipo de bebida existente no planeta e eu achava que esse plano iria fazer com que eu acabasse minhas explorações com uma coleção compacta das minhas bebidas preferidas ao final da experiência.
Porém, esse plano tinha uma falha fundamental com a qual eu não contava.
Tudo começou com o rum. Eu nunca fui um grande fã e para mim o rum era apenas uma versão piorada da cachaça mas, como sempre trato meus planos com muita seriedade e disciplina, resolvi comprar uma garrafa de rum e iniciar a exploração.
Eu já conhecia o Mojito e o Daiquiri, ambos coquetéis à base de rum que, embora sejam bons, nunca me impressionaram tanto e, por isso, eu estava crente que o experimento com o rum apenas comprovaria minha crença inicial de que o rum não era para mim.
No entanto, esse cenário mudou completamente quando conheci o Mai Tai, um coquetel a base de rum que leva suco de limão, licor de laranja e orgeat, um delicioso licor de amêndoas.
Minha relação com o Mai Tai foi amor "ao primeiro gole". Fiquei encantado pelo sabor exótico e adocicado do coquetel e ele logo entrou para minha lista de favorito.
Com isso, eu que acreditava que nunca mais veria a cor de outra garrafa de rum na vida, agora sempre mantenho pelo menos duas em meu bar.
Pouco depois, o mesmo aconteceu com o brandy, vulgarmente conhecido como conhaque. Não via graça nenhuma nessa bebida, até que conheci o maravilhoso coquetel Brandy Alexander.
Depois, chegou a vez da vodka. Também nunca gostei até provar o Moscow Mule. Com o Campari foi a mesma coisa; detestava ele puro, mas fui fisgado pelo Negroni.
E foi assim, graças a um plano que inicialmente visava ter uma pequena coleção de bebidas da minha preferência que hoje tenho um bar no mínimo respeitável. Claro que ainda faltam muitos elementos a ele mas posso dizer com confiança que ele é mais completo do que alguns bares "profissionais" de grandes cidades do Brasil.
A grande lição que tirei dessa experiência é que não existe bebida ruim, você é que ainda não encontrou o coquetel certo!
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