The salary was ten days late. After four years working with Eduardo, he had been late before, always with the excuse that he had forgotten or that he had an anxiety attack during payday week. As if his anxiety only got triggered the very week he knew he had to pay me. But I knew it couldn’t be just a coincidence, especially since he was wealthy and financial problems didn’t seem to be a hidden justification. Turns out, I was wrong.
You know those days when you open your front gate, look at the street and the sky, and you’re sure it’s going to rain? You were ready to leave, but because of the cloudy sky, you realize you need to go back in and grab an umbrella. So you do it, and 30 minutes later, as you sit on the bus, the heat is unbearable. There’s a perfect sun outside, ideal for the beach or any activity where the sun is convenient. Now, you’ll have to carry an umbrella all day for absolutely no reason because you were mistaken, even though the sky looked as gray as depression. That’s exactly how I was wrong about Eduardo.
A day before payday, I reminded him that tomorrow was the day. I had to do this because otherwise, he would actually forget. He almost never paid me without a reminder, so I developed this habit. The problem was that this time, I had to remind him every single day, up until the tenth day. Eduardo ignored all my messages. But he watched my Instagram stories, replied to other people on the company’s Instagram—which I knew because I had access to it as part of my job. Yet, my WhatsApp messages? Ignored for nine days. Until the tenth day, when I decided to be more assertive. He replied immediately.
"Ten days late?! Ten days, and you’re here chasing me for this? And what about all the times I was understanding with you?!" he replied.
"The main issue isn’t the money, though I do need it. It’s the way you disappeared! You didn’t give me any justification, you just ignored my messages completely."
"Do you even know what happened? Do you?!"
"No, because you never told me. And that’s exactly what I expected from you, so I could understand..."
"Look, I appreciate the years we worked together, but I don’t think we’ll continue."
Hearing him say he didn’t want to work with me anymore was both a relief and a source of anger. Because my work brings great results to his company, and without my marketing efforts, he wouldn’t have secured so many important clients. The truth is, Eduardo’s company would be much more successful if he weren’t so disorganized. He’s always been on the verge of throwing everything away—something he once admitted to me. Honestly, he needs to pull up his socks and take responsibility, but in that moment, during that argument, it was clear that he wanted to start by getting rid of me.
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"Look, you know we have three stores. Things don’t always work out. Right now, I’m waiting for a $30,000 payment from a filthy rich guy, and he still hasn’t paid me. These things happen!" he went on.
"I understand, but you didn’t explain anything to me."
"You need to be more understanding. You never see my side of things!"
I knew he wasn’t willing to understand because he was furious. The truth is, he said a lot more, but just thinking about it gives me a headache—because I remember how unnecessary his reaction was. But he’s impulsive, like a bull charging at a red cloth.
I ended the conversation by saying, "Clearly, you’re not okay. I’ll keep working. Cool your head, and when you’re ready to talk, reach out. If the next time you speak to me, you say—word for word—that you don’t want my services anymore, I won’t say anything except ‘thank you.’ Until then, think carefully."
He hasn’t said anything since, and I’m still doing my job. Even if he decides not to continue, I’ll leave my mark by doing my best. Because even though I’m upset, I have no intention of harming him—despite the fact that his delayed payment harmed me considerably. Sometimes, we have to be tough on people who need to change, even if it means losing a partnership.
Portuguese
O salário estava atrasado há dez dias. Há quatro anos trabalhando com Eduardo, ele já tinha atrasado outras vezes, sempre com a justificativa de que havia esquecido ou que tinha tido uma crise de ansiedade na semana do pagamento. Como se a ansiedade dele fosse ativada justamente na semana em que sabia que deveria me pagar. Mas eu sabia que não poderia ser só coincidência, ainda mais porque ele era rico, e problemas financeiros também não pareciam ser uma justificativa oculta. Parece que eu estava errada.
Sabe aqueles dias em que você abre o portão de casa, encara a rua e o céu e tem certeza de que vai chover? Você estava pronto para sair, mas, por causa do céu nublado, percebe que tem que entrar novamente para pegar um guarda-chuva. Então você faz isso, e 30 minutos depois, já dentro do ônibus, o calor é insuportável. Lá fora, há um sol perfeito para ir à praia ou para qualquer atividade em que o astro-rei seja bem-vindo. Agora, você terá que carregar um guarda-chuva o dia inteiro sem a menor necessidade, porque se enganou, mesmo que o céu estivesse cinza como uma depressão. Da mesma forma foi meu engano com Eduardo.
Um dia antes do pagamento, eu o lembrei de que no dia seguinte era o dia. Eu precisava fazer esses lembretes, porque, se não, ele realmente esquecia. Dificilmente ele me pagava sem que eu o lembrasse, então peguei esse hábito. O problema é que, dessa vez, tive que lembrá-lo todos os dias, até chegar ao décimo. Eduardo ignorou todas as minhas mensagens. Mas visualizava meus stories no Instagram, respondia outras pessoas no Instagram da empresa – e eu sabia disso porque tenho acesso, já que é parte do meu trabalho. Minhas mensagens no WhatsApp, porém, ele ignorou por nove dias. Até que, no décimo, decidi ser mais enfática. Ele me respondeu na hora.
"Dez dias de atraso?! Dez dias, e você vem me cobrar isso? E todas as vezes que eu fui compreensivo com você?!" ele respondeu.
"O problema principal não é o dinheiro, embora faça falta, mas sim o seu sumiço! Você não me deu nenhuma justificativa do que estava acontecendo e ignorou completamente minhas mensagens."
"Você sabe o que aconteceu? Você sabe?!"
"Não, porque você não me disse. E era isso que eu esperava de você, para que eu pudesse entender..."
"Olha, eu te agradeço pelos anos que trabalhamos juntos, mas acho que não vamos continuar."
Ele dizer que não queria mais trabalhar comigo me deu uma sensação de alívio e, ao mesmo tempo, de raiva. Porque o meu trabalho gera muitos resultados para a empresa dele, e, sem o meu marketing, ele não teria conquistado tantos clientes importantes. A verdade é que a empresa de Eduardo só não era mais bem-sucedida porque ele é desorganizado. Ele sempre esteve a ponto de jogar tudo para o alto – algo que já tinha confessado para mim uma vez. Honestamente, ele precisa se organizar e assumir suas responsabilidades, mas, naquele momento, naquela discussão, ficou claro que ele queria começar fazendo isso por mim, me dispensando.
"Olha, você sabe que nós temos três lojas. Nem sempre as coisas dão certo. Neste momento, estou esperando um pagamento de 30 mil. O cara é riquíssimo e ainda não me pagou. Essas coisas acontecem!" ele continuou.
"Eu entendo, mas você não me explicou nada."
"Você precisa ser mais compreensiva. Você nunca vê o meu lado!"
Eu sabia que ele não estava disposto a entender, porque estava muito bravo. A verdade é que ele disse muito mais coisas, mas pensar nessa situação me dá dor de cabeça – porque lembro do quanto a atitude dele foi desnecessária. Mas ele é impulsivo, como um touro quando vê um lençol vermelho.
Eu encerrei a conversa dizendo: "Claramente, você não está bem. Eu vou continuar trabalhando. Esfrie sua cabeça, e quando conseguir conversar, me procure. Se, da próxima vez que você falar comigo, você repetir com todas as letras que não quer mais os meus serviços, eu não direi mais nada além de ‘obrigada’. Até lá, pense bem."
Ele não disse mais nada, e eu continuo fazendo meu trabalho. Mesmo que ele decida não continuar, deixarei minha marca fazendo o melhor que posso. Porque, embora eu esteja chateada, não tenho a intenção de prejudicá-lo – apesar de ele ter me prejudicado consideravelmente com o atraso do pagamento. Às vezes, é preciso sermos duros com alguém que precisa mudar, ainda que isso signifique perder uma parceria.
