Yesterday, I finished reading The Catcher in the Rye, a novel written by American author J.D. Salinger and published in 1951. For many years, the book carried the archetype of youthful rebellion, particularly in the U.S., and attracted its share of controversy.
Mark David Chapman, John Lennon’s assassin, claimed that the novel was his inspiration. Chapman was found with a copy of the book and declared that Holden reflected his views on the hypocrisy of the world. This controversial association tarnished the novel's image for some. Moreover, in 1981, John Hinckley Jr. attempted to assassinate U.S. President Ronald Reagan in an effort to impress actress Jodie Foster. Like Chapman, he was also fascinated by The Catcher in the Rye, although the book wasn’t found in his possession at the time of the crime. Hinckley reportedly mentioned the novel in interviews, reinforcing the perception that it attracted individuals with psychological issues. Another notable case is that of Robert John Bardo, who murdered actress Rebecca Schaeffer in 1989 and was carrying the book at the time of the crime.
I read the novel already aware of these associations because it was recommended by a college professor who introduced it to me with this context. For that reason, I couldn’t help but look for clues in the story that might have influenced these criminals. But the truth is, I myself began identifying with Holden Caulfield, the main character—dangerous, isn’t it?
Holden Caulfield is a 16-year-old teenager who has been expelled from four schools. He narrates the events following his fourth expulsion, and through this, we follow his three-day journey in New York City. Holden decides to wander around the city because he’s afraid of facing his parents after his latest expulsion. Over these three days, we come to know Holden’s mind through his first-person narration.
Photo taken by me and edited on Canva.
As a teenager, Holden uses plenty of slang to express himself. At first, I felt like I was reading something overly simple and informal. It was especially jarring to be inside the mind of this teenager who constantly complained about everything, using a lot of slang and profanity. This characteristic also stirred controversy, and for a time, the book was banned in schools and libraries in the U.S., as well as in Brazil during the military dictatorship.
But here’s the thing: if you were ever a teenager dissatisfied with reality, you’ll understand Holden. He basically spends the entire book complaining about everything and everyone, but it’s hard not to agree with him on some points, as he delivers sharp critiques of the educational system, societal norms, and the complexity of human nature.
It’s difficult to talk about Holden Caulfield and his three days in New York without giving away spoilers. What we witness is the inner workings of a rebellious, angry yet kind teenager’s mind as he judges the world and undergoes experiences that make him reflect and change. When I said I identified with Holden, it’s because I recognized many of the thought patterns I had when I was a teenager. Thoughts that, at the time, I didn’t realize were signs that I needed help. And it didn’t take long for me to see that Holden needed help, too. Throughout his journey, it becomes clear that he doesn’t fit into the world—and honestly, what teenager feels like they do? Surely, at some level, you’ve been like Holden, too.
The Catcher in the Rye offers valuable reflections on mental health. It’s easy to judge a troubled teenager, and I say this from experience, as I have a brother who is one. But as adults, we tend to forget how confused we were in our younger years, how often our actions didn’t make sense, and how we just wanted to disappear. Holden Caulfield brings back those memories as we delve into his mind and revisit the experience of seeing life from an immature perspective.
I wish I had read this book earlier. Perhaps it would have helped me as a teenager to ask for help and to understand what truly matters in life. But even now, at 30, I’m glad to have revisited certain feelings and reflections while accompanying Holden on his journey. Without a doubt, it’s a novel I highly recommend reading.
Portuguese
Reflexões sobre o livro Apanhador do Campo de Centeio.
Ontem terminei de ler O Apanhador do Campo de Centeio, obra escrita pelo americano J.D Salinger e lançada em 1951. O livro durante muitos anos carregou o arquétipo da rebeldia juvenil, principalmente nos EUA, e atraiu para si algumas polêmicas.
Mark David Chapman, o assassino de John Lennon, afirmou que a obra era sua inspiração. Chapman foi encontrado com uma cópia do livro e declarou que Holden refletia suas visões sobre a hipocrisia do mundo. Essa associação controversa manchou a imagem do romance para alguns. Além disso, em 1981, John Hinckley Jr. tentou assassinar o presidente dos EUA, Ronald Reagan, em uma tentativa de impressionar a atriz Jodie Foster. Assim como Chapman, ele também era fascinado por O Apanhador no Campo de Centeio, embora o livro não tenha sido encontrado em sua posse no momento do crime. Hinckley teria mencionado o romance em entrevistas, o que reforçou a percepção de que o livro atraía indivíduos com problemas psicológicos. Mais um caso conhecido é o de Robert John Bardo, que assassinou a atriz Rebecca Schaeffer em 1989, e portava o livro no momento do crime.
Eu li a obra já sabendo dessas informações, porque ela foi indicada por um professor da faculdade e essa foi a introdução que ele me deu, por esse motivo, foi inevitável procurar na história os motivos que teriam influenciado esses criminosos. Mas, a verdade é que eu mesma fui me identificando com Holden Caulfield, o personagem principal, olha que perigo!
Holden Caulfield é um adolescente de 16 anos que já foi expulso de quatro escolas, ele narra os acontecimentos a partir da quarta expulsão, e através disso podemos acompanhar a jornada dele por três dias em Nova York. Holden decide ficar perambulando por Nova Iorque pois tem medo de enfrentar os pais, depois de sua quarta expulsão. Durante esses três dias, passamos a conhecer a mente de Holden, através de uma narração em primeira pessoa.
Por ser um adolescente, Holden utiliza de diversas gírias para se expressar, a impressão que eu tive no início do livro, é de que estava lendo algo simples demais e informal. Principalmente porque me vi dentro da cabeça desse adolescente, que reclamava de tudo, e usava diversas gírias e palavrões. Essa característica, também foi causa de polêmica, e durante um tempo o livro foi proibido em escolas e bibliotecas nos EUA, e também no Brasil, durante o período da ditadura militar.
Porém, o fato é: se você foi um adolescente inconformado com a realidade, você entende Holden. Ele basicamente passa o livro inteiro reclamando de tudo e de todos, mas é difícil não concordar com ele em algumas questões, porque ele trás críticas concisas ao sistema educacional, a como a sociedade funciona e a complexidade do ser humano.
Não há como falar sobre Holden Caulfield e seus três dias em Nova Iorque sem dar spoilers, pois o que acompanhamos é a sua mente de adolescente rebelde , raivoso, porém bondoso, julgando o mundo e tendo experiências que o fazem refletir e que o modificam. Quando disse que me identificava com Holden, é porque em muitos momentos reconheci o padrão de pensamentos que eu mesma tinha quando era adolescente. Pensamentos, que na época, eu não percebia que era um indicativo de que eu precisava de ajuda. E não demorou muito pra eu perceber que Holden precisava de ajuda. Ao longo de sua jornada, fica claro que ele não se encaixa no mundo, e sinceramente, qual adolescente pensa que se encaixa? Com certeza, mesmo você, em algum nível, já foi parecido com Holden.
O Apanhador no campo de centeio traz reflexões valiosas sobre saúde mental. É fácil julgar um adolescente problemático, e digo isso com lugar de fala, pois tenho um irmão que é um. Porém, quando nos tornamos adultos, é fácil nos esquecermos o quanto éramos confusos quando mais novos, o quanto nossas atitudes muitas vezes não faziam sentido e a gente só queria desaparecer. Holden Caulfield nos traz essa lembrança, ao adentrarmos na mente dele, e voltarmos a ter a experiência de ver a vida sob uma ótica imatura.
Eu gostaria muito de ter lido esse livro antes, talvez ele tivesse me ajudado, quando eu era adolescente, a pedir ajuda, a perceber o que mais importa na vida. Mas, mesmo agora aos 30, estou contente de ter revisitado certos sentimentos e reflexões ao acompanhar Holden em sua jornada. E sem dúvida, é uma obra que recomendo demais a ler.