Chaos is in the little things // O caos está nas pequenas coisas

in #hive-1871892 days ago

This weekend I went to the capital of my state. I'm used to the almost cadaverous calm of my city, but I always get an overdose of information when I go to a "big city". Perhaps for a resident of São Paulo (or New York, I don't know) it's absurd to imagine that a small city like Curitiba can be "too much". But it's all a question of which lens you're looking through. It's funny to think that I was calm and happy in the midst of the nocturnal chaos of the famous Trajano Reis, which is a mini Rua Augusta (São Paulo's den of chaos), everything is found in these Curitiba night streets, especially drugs. This kind of chaotic atmosphere of young people having fun and a relaxed sound chaos doesn't stress me out at all, just as I was very comfortable at an exhibition/show of contemporary art performances and then at a concert by two great bands, Trrpln and Boogarins, but today at the end of this weekend of arts and fun, I had to go to lunch in a shopping mall and on very short notice because I needed to catch the bus to go back to my city, and the experience of being in that chaos of the mall was completely toxic and terrible to the point of damaging my judgment about the experience of "being/living" in a big city.

Art created with Midjourney

I find it curious that the kind of people who consider the mall to be a place to be and who go there often. I was entangled in people everywhere, all tired and in a hurry, waiting for their lunches, fighting with their souls for space to sit at a table in the food court, queues of more than forty minutes to get food, people, people, no one sharing a social experience, everyone jostling in discomfort in a pseudo-septic, brightly lit, uncomfortable and irritating environment with a constant and boring instrumental Christmas soundtrack that could simply be extinguished. Everything in the mall seems synthetic, the whole food court, the atmosphere, all the decorations, the music, the store fronts and so on. Everything good I experienced in Curitiba was somewhat eroded by this exhausting mall experience.

Returning home this time had less of an impact (that feeling of relief of returning to the nest) because I had such a good and comfortable time of fun and culture there, that I could completely consider leaving my city to live there, for example. Of course, everything is a bit more expensive, mainly because of the need to get around, but the advantages are obvious. I live in an extremely mediocre city that's completely devoid of culture, static and sadly on hold, so I know that even in 30 years we won't reach 30% of what we have in terms of culture in Curitiba. Maybe I should just stop expecting something from where I live. But at least I can say that I'm very happy not to live a "shopping mall" reality on a daily basis, and this transcends the region, I see tired people there in Curitiba, working at dawn, I see people constantly selling their hours, giving their lives to have the money for their survival and this goes on and on everywhere. Capitalism is always cruel in bigger cities, probably. I don't know where I'm going with this reasoning, take it more as a simple account of a country bumpkin moving to a big city.

Thômas Blum

Português

Esse fim de semana eu fui para a capital de meu estado. Eu, acostumado com a calmaria quase cadavérica de minha cidade, sempre tenho uma overdose de informações quando vou para uma "cidade grande". Talvez para um morador de São Paulo (ou Nova York, sei lá) seja absurdo imaginar que uma cidade pequena como Curitiba pode ser "demais". Mas tudo é questão de qual lente está observando a realidade. É engraçado pensar que eu estive tranquilo e feliz em meio ao caos noturno da famosa Trajano Reis, que é uma mini Rua Augusta (o antro do caos de São Paulo), tudo é encontrado nessas ruas noturnas curitibanas, principalmente drogas. Esse tipo de ambiente caótico de jovens se divertindo e um caos sonoro descontraído não me estressa em nada, da mesma forma estive muito confortável em uma exposição/mostra de performances de arte contemporânea e depois em um show de duas grandes bandas, o Trrpln e o Boogarins, mas hoje ao fim desse fim de semana de artes e diversão, eu precisei ir almoçar em um shopping e com um horário curtíssimo porque precisava pegar o ônibus para ir embora para minha cidade, e a experiência de estar naquele caos do shopping foi completamente tóxica e terrível a ponto de prejudicar meu julgamento sobre a experiência de "estar/morar" em uma cidade grande.

Arte criada com Midjourney

Eu acho até curioso o tipo de pessoas que considera o shopping como um local para se estar e que vão lá com certa frequência. Estive emaranhado em pessoas por todo lado, todos cansados com pressa, esperando seus almoços, disputando com a alma o espaço para poder sentar em uma mesa na praça de alimentação, filas de espera de mais de quarenta minutos para pegar comida, pessoas, pessoas, ninguém compactuando de uma experiência social, todos acotovelando-se em desconforto em um ambiente pseudo-asséptico, iluminadíssimo, desconfortável e irritante com uma constante e enfadonha trilha sonora instrumental de natal que poderia simplesmente ser extinta. Tudo no shopping parece sintético, toda a praça de alimentação, todo o ambiente, todos os enfeites, as músicas, as fachadas das lojas e assim por diante. Tudo que experimentei de bom em Curitiba foi um pouco corroído por essa experiência exaustiva do shopping.

Voltar pra casa dessa vez teve menos impacto (aquela sensação de alívio de voltar para o ninho) porque eu tive momentos muito bons e confortáveis de diversão e cultura lá, de forma que eu conseguiria considerar completamente a hipótese de ir embora da minha cidade para morar lá, por exemplo. É óbvio, tudo é um pouco mais caro, principalmente pela necessidade de locomoção, mas as vantagens são óbvias. Eu vivo em uma cidade extremamente medíocre completamente despida de cultura, estática e lamentavelmente freada, de forma que sei que mesmo em 30 anos não alcançaremos nem 30% do que se tem em termos culturais em Curitiba. Talvez eu deva apenas deixar de esperar algo do local onde mora mesmo. Mas ao menos eu posso dizer que sinto-me muito feliz por não viver uma realidade de "shopping" no dia a dia, e isso transcende a região, vejo pessoas cansadas lá em Curitiba, trabalhando de madrugada, vejo gente vendendo seu horário constantemente, dando sua vida para ter o dinheiro para sua sobrevivência e isso vai se estendendo continuamente por todo lado. O capitalismo é sempre cruel em cidades maiores, provavelmente. Eu não sei onde quero chegar com esse raciocínio, tome-o mais como um simples relato de um caipira indo para uma cidade grande mesmo.

Thômas Blum

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