Those hot weeks that contain a kind of thick, muggy aura, where the drowsiness gives the first signs of a summer to come; where children are born; where rivers overflow and spread through the streets like a liquid shadow appropriating the concrete refined by man; where the birds and the schoolchildren wake up early and wake you up early, and you twist in bed trying to dispel the sands clustered in the corner of your eyes.
Cool mornings that wake you up with thunder rumbling in the hidden sky, in mysterious, mournful clouds that seem to be crying over a pity that isn't yours, but becomes yours when you see the people of the lowlands waking up with water down their shins, taking their furniture out of the house and putting it on trucks, heading for any dry place where the water won't get into the old wooden floorboards, which already experienced floods of this kind about thirty years ago. Dark mornings where you worry about worries, and the bills arrive in your synapses before your eyes even open; where you daydream with a green tea in hand about how you hope things will turn out and that even if they don't turn out the way they need to be, you feel a glimmer of hope and fortune in your prosperous thoughts.
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The rich and unique quality of those days when beautiful things happen, like the birth of your daughter's brother (in the new marriage), where you realize you have everything you need to be happy (and it doesn't even have to be much), where you enjoy a quality beer while eating a fried pork rind and listening to hypnagogic pop, look at your wife discussing family problems on the phone, think of your mother lying in the living room immersed in extensive paranormal videos and see your little girl running to play with her friend.
Even if there are signs of more rain, which frighten and affront residents, even if market fluctuations disrupt the flow of services you need, even if sometimes personal relationship problems affect your life plan, life is still so beautiful, but so beautiful, that sometimes it hurts. And I'm very happy to be able to feel the pain of beauty.
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Essas semanas quentes que contém uma espécie de aura espessa abafada, onde o mormaço dá os primeiros sinais de um verão vindouro;
Onde as crianças nascem; Os rios transbordam-se e espalham-se pelas ruas como uma sombra líquida apropriando-se do concreto refinado pelo homem; Onde os pássaros e as crianças da escolinha acordam cedo e te acordam cedo, e você se retorce na cama buscando dissipar as areias aglomeradas no canto dos olhos.
Manhãs frescas que acordam-te com trovões ribombando no oculto céu, em nuvens misteriosas e pesarosas, que parecem chorar uma lástima que não é sua, mas torna-se sua ao ver os povos da baixada que acordam com água pelas canelas, tirando os móveis de casa e colocando em cima de caminhões, rumo a qualquer lugar seco, donde a água não adentre o assoalho envergado de madeira antiga, que já vivenciou cheias desse tipo há mais ou menos trinta anos atrás. Manhãs obscuras onde você se preocupa com as preocupações, e as contas chegam em suas sinapses antes mesmo dos olhos se abrirem; Onde você devaneia com um chá verde em mãos sobre como espera que as coisas ocorram e que mesmo que elas não sejam como precisavam ser, você sente um lampejo de esperança e de fortuna em seus pensamentos prósperos.
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A qualidade rica e ímpar desses dias onde coisas bonitas acontecem, como o nascimento do irmão de sua filha (no novo casamento), onde você se percebe tendo tudo que precisa para ser feliz (e nem precisa ser muito mesmo), onde você deleita-se com uma cerveja de qualidade comendo um torresmo frito e ouvindo um pop hipnagógico, olha pra sua esposa que discute problemas de família ao telefone, pensa na sua mãe que deitada na sala mergulha em vídeos extensos de paranormalidade e vê sua pequena menina correndo pra brincar com a amiga.
Ainda que prenúncios de mais chuva tragam medo e afrontem os moradores, ainda que as flutuações do mercado atrapalhem o fluxo de serviço que você precisa ter, ainda que as vezes algumas problemas pessoais no relacionamento afetem o seu projeto de vida, a vida segue sendo tão bonita, mas tão bonita, que as vezes dói. E eu sou muito feliz de poder sentir a dor da beleza.
