The first day of the rest of your life has sneaked up on you, amid a fine late mist and large birds singing among the clouds. You heard them but didn't open your eyes. It was your digital device that woke you up, but that's okay, because it works just as well that way.
It's no easier to wake up today than it has been in recent years, but you've managed to wake up with more neutrality and good fortune.
You say good morning to the locals, heat up a kettle of water while looking at one or other vague post that may or may not mean something to you.
Green tea with mint gives you enough comfort to stretch out like an old cat and fix your vertebrae in place.
The medicine that has put you on your feet is already waiting for you and you swallow it in a warm sip of tea.
Today is the day to take your daughter to school.
To take your mother to her meeting.
To take your girlfriend to the bus station.
Today is the day to take others.
It's the first day of the rest of your life.
It doesn't have to be complex to be important.
That's the value of this phrase.
The first day of the rest of your life.
Everything that comes after today depends strictly on how you live in the present moment. You see a universe of possibilities unfolding before you.
You don't have much clarity about what your main goal might be, or what that means in the end, but you are attentive and confident.
You fondly remember Juliano and the mornings when they listened to Forfun and then went out walking in the pastures in search of mushrooms, of light times (just like this one is, anyway).
You don't feel saudade (that word doesn't exist in English), you just feel affection.
Now your priorities and needs are different.
You happily watch the birds in the fig tree, the weak sun lightening the building and the smell of lunch coming from the little school in the back field.
You have a book in your hands, your feet touch the ground, your heart is in place and you have so much to be grateful for.
Português
O primeiro dia do resto de sua vida aproximou-se sorrateiro, por entre uma fina névoa tardia e pássaros de grande envergadura cantando por entre as nuvens.
Você os ouviu mas não abriu os olhos.
Quem te acordou foi seu dispositivo digital, mas tudo bem, por que assim funciona bem também.
Não está mais fácil de acordar hoje do que nos últimos anos, mas você tem conseguido acordar com mais neutralidade e boa aventurança.
Dá bom dia aos moradores, esquenta uma chaleira de água enquanto vê uma ou outra postagem vaga que pode significar algo ou não para você.
O chá verde com hortelã dão um conforto suficiente para que possa alongar-se como um gato velho e ajeitar as vértebras no lugar.
O medicamento que tem te colocado de pé já está te esperando e você o ingere num morno gole de chá.
Hoje é dia de levar a tua filha pra escola.
Levar sua mãe na reunião dela.
Levar sua namorada para a rodoviária.
Hoje é dia de levar os outros.
É o primeiro dia do resto de sua vida.
Não precisa ser complexo pra ser importante. Esse é o valor dessa frase. O primeiro dia do resto de sua vida.
Tudo que virá depois de hoje, depende estritamente de como você irá viver o momento presente.
Você vê um universo de possibilidades descortinando-se diante de você. Não tem muita clareza sobre o que pode ser o principal objetivo, nem sobre o que isso diz afinal, mas está atento e confiante.
Lembra com carinho de Juliano e as manhãs em que ouviam Forfun e depois saíam caminhar nos pastos em busca de cogumelos, de tempos leves (tal como esse está sendo, enfim). Não sente saudade (essa palavra que não existe em inglês), apenas sente carinho.
Agora as prioridades e necessidades são outras.
Contente observa os pássaros na figueira, o sol fraquinho clareando a construção e o cheiro de almoço que vem da escolinha no terreno de trás.
Você tem um livro em suas mãos, seus pés tocam o chão, seu coração está no lugar e você tem tanto a agradecer.